terça-feira, 1 de abril de 2014

Acude Epitácio pessoa perde capacidade com a seca


O Açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, responsável pelo abastecimento de Campina Grande e mais 19 cidades do Agreste, está perdendo por dia, 303 mil metros cúbicos de água, o que somado ao mês, chega a uma redução de mais de nove milhões de m3. Atualmente, o reservatório está com 64,6% da capacidade e caso ocorram chuvas até o começo do próximo ano, o Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs), irá iniciar um racionamento, começando pela irrigação de áreas. Nos açudes de São Gonçalo e Engenheiro Ávidos, no Sertão, o racionamento em áreas irrigadas já começou e o Dnocs só está liberando água para o consumo humano e animal.

A produção de frutas do perímetro de São Gonçalo já está sendo prejudicada pela falta d’água. Em Coremas, açude maior do Estado, está com apenas 47% do volume total e o Dnocs também prevê racionamento caso não chova nos primeiros meses do próximo ano.

De acordo com o superintendente do Dnocs na Paraíba, Sólon Alves Diniz, a cada dia o volume dos açudes estão reduzindo com velocidade e com a ausência de chuvas, a tendência é de que ocorra um racionamento na maioria das barragens coordenadas pelo orgão. “Por enquanto, em alguns reservatórios onde a situação é mais critica, já começamos a suspender o abastecimento destino a irrigação. É uma pena, mas infelizmente a prioridade é o consumo humano e animal. No Epitácio Pessoa, em Boqueirão, a capacidade ainda está em 64%, mas se chegar aos 50%, sem chover, vamos racionar suspendendo a parte de irrigação. O açude abastece uma quantidade grande de cidades, além de Campina Grande e por isso, é preciso, caso não chova até o começo do ano que vem, controlar a liberação de água”, explicou.

Segundo o chefe de administração do reservatório, Everaldo Jacobino, a perda diária incluindo evaporação e consumo está chegando a um centímetro por dia, o que equivale a 303 mil metros cúbicos de água por dia.

“A média é de um centímetro perdido por dia, mas tem dia que chega a perder até dois cm, o que corresponde a até 606 mil m³ perdidos. Isso somando ao mês chega a mais de nove milhões de metros cúbicos perdidos. Se não tiver um controle, poderemos entrar em colapso”, destacou.

Previsão
Apesar do sofrimento provocado pelos efeitos da estiagem, mais de 200 mil agricultores ainda tem esperança que choverá no próximo ano, como prevê o PhD em Meteorologista, Luiz Carlos Baldicero Molion, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Segundo ele, as configurações climáticas para região Nordeste já estão começando a mudar a tendência é de que logo no primeiro trimestre do próximo ano, ocorram chuvas regulares. “Esse ano, o fenômeno El Niño teve uma atuação muito intensa e por isso, provocou uma estiagem como a que estamos presenciando. agora, ele já está de dissipando e isso significa que as águas do pacifico que estão aquecidas, começarão a resfriar, o que será favorável a ocorrência de chuvas no nordeste. com esse resfriamento terá uma circulação atmosférica que possibilitará a formação de chuvas. então a previsão é de que 2013 será um ano de chuvas regulares, diferente da estiagem que está ocorrendo este ano”, explicou.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dnocs raciona água para áreas irrigadas na PB


Produção de frutas do perímetro de São Gonçalo já está sendo prejudicada pela falta d’água

O Açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, responsável pelo abastecimento de Campina Grande e mais 19 cidades do Agreste, está perdendo por dia, 303 mil metros cúbicos de água, o que somado ao mês, chega a uma redução de mais de nove milhões de m3. Atualmente, o reservatório está com 64,6% da capacidade e caso ocorram chuvas até o começo do próximo ano, o Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs), irá iniciar um racionamento, começando pela irrigação de áreas. Nos açudes de São Gonçalo e Engenheiro Ávidos, no Sertão, o racionamento em áreas irrigadas já começou e o Dnocs só está liberando água para o consumo humano e animal.

A produção de frutas do perímetro de São Gonçalo já está sendo prejudicada pela falta d’água. Em Coremas, açude maior do Estado, está com apenas 47% do volume total e o Dnocs também prevê racionamento caso não chova nos primeiros meses do próximo ano.

De acordo com o superintendente do Dnocs na Paraíba, Sólon Alves Diniz, a cada dia o volume dos açudes estão reduzindo com velocidade e com a ausência de chuvas, a tendência é de que ocorra um racionamento na maioria das barragens coordenadas pelo orgão. “Por enquanto, em alguns reservatórios onde a situação é mais critica, já começamos a suspender o abastecimento destino a irrigação. É uma pena, mas infelizmente a prioridade é o consumo humano e animal. No Epitácio Pessoa, em Boqueirão, a capacidade ainda está em 64%, mas se chegar aos 50%, sem chover, vamos racionar suspendendo a parte de irrigação. O açude abastece uma quantidade grande de cidades, além de Campina Grande e por isso, é preciso, caso não chova até o começo do ano que vem, controlar a liberação de água”, explicou.

Segundo o chefe de administração do reservatório, Everaldo Jacobino, a perda diária incluindo evaporação e consumo está chegando a um centímetro por dia, o que equivale a 303 mil metros cúbicos de água por dia.

“A média é de um centímetro perdido por dia, mas tem dia que chega a perder até dois cm, o que corresponde a até 606 mil m³ perdidos. Isso somando ao mês chega a mais de nove milhões de metros cúbicos perdidos. Se não tiver um controle, poderemos entrar em colapso”, destacou.

Previsão
Apesar do sofrimento provocado pelos efeitos da estiagem, mais de 200 mil agricultores ainda tem esperança que choverá no próximo ano, como prevê o PhD em Meteorologista, Luiz Carlos Baldicero Molion, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Segundo ele, as configurações climáticas para região Nordeste já estão começando a mudar a tendência é de que logo no primeiro trimestre do próximo ano, ocorram chuvas regulares. “Esse ano, o fenômeno El Niño teve uma atuação muito intensa e por isso, provocou uma estiagem como a que estamos presenciando. agora, ele já está de dissipando e isso significa que as águas do pacifico que estão aquecidas, começarão a resfriar, o que será favorável a ocorrência de chuvas no nordeste. com esse resfriamento terá uma circulação atmosférica que possibilitará a formação de chuvas. então a previsão é de que 2013 será um ano de chuvas regulares, diferente da estiagem que está ocorrendo este ano”, explicou.

Daniel Motta

Vendas do comércio devem crescer 12% com festas de final de ano em CG



Tito Motta destacou que o período de final deste ano deverá ser um dos melhores dos últimos dois anos

O comércio varejista de Campina Grande deve registrar um crescimento de 12% durante as festas de final de ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. A estimativa é da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), que prevê também que os setores de calçados, vestuário e artigos para presentes terão a maior procura por parte dos consumidores. Na cidade, as lojas já estão vendendo produtos natalinos e investindo em facilidades de pagamentos para atrair clientes, como promoções, parcelamentos e descontos que podem chegar a 70%.

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Tito Motta, as lojas já estão investindo nas contratações e a expectativa é de que cerca de mil pessoas sejam contratadas. Desse total, pelo menos 30% deverá ser aproveitado pelas lojas. “Acredito que esse percentual seja aproveitado pelas lojas em seus quadros de funcionários permanentes. Isso é muito importante, porque são pessoas que se qualificaram durante o movimento do comércio no final do ano e passarão a ficar permanente no comércio da cidade”, destacou.

Tito Motta destacou que o período de final deste ano deverá ser um dos melhores dos últimos dois anos. “O ano de 2010 foi o ápice do comércio varejista de Campina Grande e ano passado também ainda foi melhor. Por isso, o crescimento registrado nos últimos dois anos nos leva a crer que esse ano será muito bom também. As lojas já estão se preparando para a movimentação”, disse.

Para atrair os consumidores, as lojas deverão oferecer facilidades de pagamento com parcelamentos em até 10 vezes no cartão de crédito, além de descontos que ainda estão sendo planejados. “Os lojistas estão se preparando para a data que é uma das melhores do ano para o comércio varejista da cidade e para atrair os consumidores, se planejam para oferecer facilidades de pagamento, descontos e promoções”, frisou.

Daniel Motta - Correio da Paraíba

Estiagem deve se prolongar por mais um trimestre, prevê INPE



Foto: Roberto Lima
A estiagem - que afeta mais de 1,5 milhão de paraibanos de 127 cidades - deve se prolongar pelos próximos três meses. É o que afirma o climatologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Lincoln Muniz Alves. 

Ele explica que com base nas últimas previsões, está ocorrendo uma instabilidade climática no Oceano Pacífico, o que sugere possível manifestação do fenômeno La Niña, com redução das probabilidades de chuva no Nordeste por mais um trimestre. No Sertão, moradores de Bonito de Santa Fé protestaram pedindo fechamento da comporta do açude que abastece a cidade.

Segundo o climatologista, as previsões são feitas por períodos sazonais por especialistas do CPTEC-INPE. No relatório climático deste mês a previsão de consenso para o trimestre dezembro de 2012 a fevereiro de 2013 (DJF/2013) continua indicando maior probabilidade de ocorrência de chuvas na categoria abaixo da faixa normal (40%) para grande parte do Nordeste e extremo leste da Região Norte. A previsão ainda indica que as temperaturas podem variar entre normal e acima da normal em áreas do Nordeste, como resultado da maior probabilidade de estiagem prevista para o trimestre.

Daniel Motta - Correio da Paraíba

Até o xique-xique desapareceu: Sobreviventes da seca dizem que nunca viram tanta destruição ambiental; desertificação piora cenário


Foto: Roberto Lima
Acumulados, os problemas decorrentes da estiagem deste ano fazem com que agricultores sobreviventes de outras secas, se assustem e já considerem esta estiagem como uma das maiores. O aposentado da cidade de Monteiro, Jorge Menezes, de 77 anos, disse que está vendo o maior desastre ecológico e social de toda a sua vida. “Vivi outras secas, como as da década de 1990, e ouvia falar da seca de 1915, que foi uma das maiores, mas a deste ano é diferente. Não tem nem como comparar”, lamenta.

De acordo com o doutor em Agronomia e chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Napoleão Beltrão, o que pode explicar o agravamento da estiagem deste ano é principalmente os efeitos do aquecimento global, promovido pela desertificação e ação do homem contra a natureza.

Um dado ainda mais alarmante, segundo Beltrão, é que de acordo com um estudo elabora há 25 anos, ocorreria no semi-árido do Nordeste brasileiro, uma seca que duraria três anos, indo de 2012 até 2014. “Tem um estudo que também aponta que haverá uma época em que o Nordeste do Brasil viverá um fenômeno chamado “Big One”, que é a grande seca. Já estamos sentido que poderá ser uma das maiores da história, agora vamos torcer que não se confirme os três anos e que ocorram chuvas no próximo ano, senão a situação ficará muito mais complicada”, frisou.

Os agricultores que são veteranos da seca, visualizam o agravamento do problema, mas têm esperança de que o quadro seja revertido. A aposentada Maria Joventina Cordeiro, 88 anos, que mora no sitio Queimadas, na zona rural de Monteiro, teme que em 2013 a situação piore por conta das experiências que teve com anos terminados com o número “3”. “Nunca vi na minha vida um ano “3” prestar. Meus avôs e meus pais sempre disseram que o ano do “3” é difícil chover. Se este ano está ruim desse jeito, meu medo é que ano que vem seja muito pior. Fico muito triste quando vejo os animaizinhos morrendo de fome, as coisas tudo cara e os coitados dos agricultores tendo que conviver com uma realidade tão dura. Só Deus quem pode mudar essa situação e vamos continuar pedindo a ele para mandar chuva, senão, nem sei o que será do povo aqui”, destaca a idosa.

A agricultora Maria do Carmo Neres tem 80 anos de idade, também compartilha do mesmo pensamento. Ela conta que sofreu na pele os efeitos de três grandes secas e está atravessando as dificuldades deste ano, tendo que lutar para manter vivo o seu rebanho de 17 cabeças de gado.

Mesmo idosa e com a saúde fragilizada, ela trabalha todos os dias, carregando água em um balde para matar a sede os animais. Para a aposentada, se não chover logo, terá que se desfazer do rebanho, por falta de condições para cuidar deles. “Já sofri muito nessa minha vida com seca, mas este ano estou muito assustada, porque a cada dia a situação se agrava mais. Queria tanto que Deus mandasse umas chuvinhas pra salvar os bichinhos da gente. Tão morrendo de fome e minha aposentadoria não da pra comprar ração. Estou velha e trabalhando muito só pra não ter a tristeza de ver as vaquinhas morrerem”, desabafou

Visão de um centenário

Com 100 anos de idade, Francisco Mendes, morador da cidade de Prata, no Cariri, é um dos mais velhos da região e relembra que as secas de 1915, 1932, 1958 e 1993 foram devastadoras, mais concorda que 2012 entrará para história como o ano da “maior seca”, dos últimos 90 anos.

“Nasci em 1912 e na seca de 1915 eu tinha três anos de idade, mas lembro como foi destruidora. Em 1932, eu tinha 20 anos e vivi mais uma grande seca. Em 1958, eu tinha 46 anos e sofri demais com uma seca, que parecia ser a maior, mas veio a de 1993, quando eu já estava mais velho com 81 anos e foi uma seca de assustar. Agora, estou com 100 anos, e acho a seca deste ano a pior de todas que já vi”, afirmou o aposentado.

Para eles, a grande diferença da estiagem deste ano em comparação com as outras que assolaram o Nordeste, é a devastação das matas, que destruiu campos e várzeas, mudou a paisagem e não restou nada para alimentar os animais. Os mandacarus, xique-xiques, macambiras e outras espécies de plantas que conseguem se adaptar ao clima seco, e que eram encontradas em abundância no solo do Cariri, e que servem de alternativa para os agricultores alimentarem seus rebanhos, já estão entrando em extinção.

A palma forrageira, principal alimento usado para o gado, foi devastada pela praga da cochonilha do carmim. “Nas secas passadas, pelo menos podia se encontrar no campo, plantas que serviam para alimentar os animais. Não se vê por ai, tantos animais mortos, porque por mais que não tivesse lucro, mas as plantas e, sobretudo a palma, eram quem mantinham o rebanho de animais vivos. Agora, o que se vê é animais morrendo direto, gado magro e criadores desesperados com a situação”, disse Jorge Menezes, que foi prefeito de Monteiro nos anos 70.

“Não sei o que fazer mais não” , chora agricultor que sofre com a seca


Criador diz que já vendeu gado pela metade do preço e adquiriu dívidas para manter a propriedade
Foto: Roberto Lima

Enquanto alguns ‘veteranos das secas’ relembram casos de estiagem que marcaram a Paraíba no passado, outros contam o drama do sofrimento que estão vivendo este ano. Luis Cordeiro, 67 anos, mora no sitio Queimadas, distante 10 quilômetros de Monteiro, no Cariri, e já está perdendo as esperanças por dias melhores.

A luta diária para minimizar os efeitos da seca em sua propriedade fez com que o idoso contraísse débitos financeiros, algo que sempre fez questão de não ter. “Vendi cinco cabeças de gado por menos da metade do preço e outras cinco morreram. Só tenho agora 40 cabeças passando fome. Gasto por mês cerca de R$ 1,8 mil, mas do que meu salário e de minha esposa juntos. Tô queimando uns restos de xique-xique que percorro quilômetros pra encontrar. Sei o que fazer mais não. Nunca me deparei com uma situação dessa, devendo e vendo os bichos morrerem”, lamentou.

A destruição causada pela seca não traz somente problemas financeiros para os moradores das cidades mais afetadas. Os danos também contribuem para um sentimento de fracasso, revolta e dor, sobretudo nos criadores rurais que são obrigados a assistir a morte de seus animais ou mesmo ter que vendê-los.

Na propriedade de José Rivaldo Moraes, 60, no sitio Pocinhos, zona rural de Monteiro, o filho dele não aguentou a seca e foi embora em busca de melhores condições de vida em São Paulo. Doente, vítima de problemas cardíacos e deficiente de um braço, ele reclama que não tem mais força para enfrentar a seca e a sorte da família é a mulher dele, Maria Eunice Barbosa. 50, que é responsável por cuidar dos trabalhos na roça. Eles sobrevivem com uma renda de R$102, do programa Bolsa Família. “Não entendo mais isso que está acontecendo não. È muita desgraça para um tempo só”, lamenta.

O vizinho dele, Edilson Leonardo Moraes, 49, disse que já começa a sentir incapaz de lutar contra os problemas e que conta com ajuda do filho Anderson Moraes, 10, para dar conta das últimas cabeças de gado que sobraram no curral. “Vou levando até onde puder, quando não tiver mais forças para aguentar, nem sei o que será de mim. Muito triste acordar e não ter o que dar para o gado comer. Ver os animais agonizando até a morte, em sua plena inocência. Só Deus para tirar a gente dessa situação calamitosa”, ressaltou.

O produtor rural Carlos Luciano da Silva, 49, possuía o maior rebanho bovino do município do Congo, com mais de 400 rezes. Com a falta de água e alimento para os animais, ele teve que vender a metade e teme ter que se desfazer dos que restam no curral. “Não tenho coragem de ver nenhum do meu rebanho morrer de fome e por isso, prefiro vender até por menos da metade do preço. Não é somente o prejuízo financeiro que nos comove, mas também o sentimento afetivo que temos por nossas criações”, disse.

Seca expulsa jovens e separa famílias

A seca deste ano não tem somente destruído os campos, vegetação e matado animais. Ela também tem provocado a separação de familiares, sobretudo os jovens, que estão deixando pais e irmãos em busca de melhores condições de vida, no Sudeste do país. Pelo menos 4 mil já deixaram as regiões do Cariri e Sertão da Paraíba, para trabalhar em outras lavouras como a de cana-de-açucar no interior paulista. Outros migram em busca de emprego nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Monteiro é uma das cidades de onde mais saem jovens para o Sudeste. São José de Caiana, Cachoeira dos Índios, Nazarezinho, Serra Grande, Sousa, Princesa Isabel, Juru, Monteiro, Teixeira e Água Branca também são campeões no êxodo. Por isso, o número de residências abandonadas nas comunidades rurais é grande.

Para os pais, apesar da saudade, a partida dos filhos tem sido a saída e para conseguir driblar as dificuldades. O filho de José Rivaldo Moraes, 60, deixou a casa no começo deste ano para se arriscar na área de construção civil, em São Paulo. “Graças a ele, ainda estamos conseguindo manter umas cabeças de gado, porque com o dinheiro que ele nos manda, eu compro milho. Na nossa casa, só entra esse dinheiro que ele manda e que não é muito porque ele tem as despesas em São Paulo e o Bolsa Família. Se não fosse isso, já tinha morrido todo mundo de fome”, ressaltou.

Obra parada é frustração

As obras da transposição do Rio São Francisco, que poderiam ser motivo para animar paraibanos atingidos pela seca, estão causando ainda mais frustração. Paralisadas em praticamente todos os lotes que integram os eixos Norte e Leste, os canais que chegaram a ser construídos, estão se deteriorando. O lote 12, que sai de Sertânia (PE), estava previsto para chegar em Monteiro, no final deste ano. No entanto, as obras foram interrompidas numa distância de pelo menos 10 Kms e sequer chegaram à divisa estadual.

“Agora, parada do jeito que está, quando decidirem retomar essas obras, ao invés de começaram de onde pararam, terão que voltar, refazendo muitas coisas porque está se destruindo”, relatou o vice-prefeito eleito da cidade, Carlos Eduardo Menezes.

O eixo leste da transposição possui 287 quilômetros de extensão e conforme informações do o Ministério da Integração Nacional (MIN), repassadas no começo deste semestre, as obras já estavam mais de 70% executadas, mas, atualmente, o que se vê nos trechos é abandono.

“Não tenho mais fé que essa transposição saia não. O que se ouve é que a prioridade são investimentos em outras obras, como as da Copa do Mundo. É revoltante ver esse canal se quebrando todo e não correr água nele ainda pra matar a sede do povo”, diz o agricultor José Rivaldo. A última previsão do MIN é que a transposição deveria ser concluída até o final de 2015.

Açude de Coremas

Maior da Paraíba e o 4º maior reservatório público do País – está com apenas 47,49% de sua capacidade de armazenamento. O manancial já baixou 4,38 metros cúbicos e perdeu 12 KMs de extensão de água, por causa dos efeitos da estiagem prolongada. O Departamento Nacional de Obras contra Seca (Dnocs) estima que, mesmo que não ocorram chuvas, a quantidade de água existente é suficiente para o abastecimento até o final de 2014. Mas, moradores de 16 cidades temem racionamento.

Seca não é a maior, mas faz mais estragos


Oito meses sem chuvas dizimam 50% do rebanho e inviabilizam agricultura
Foto: Roberto Lima

Carcaças de animais, plantações devastadas e casas abandonadas desenham o cenário dos impactos provocados desta estiagem, que em pouco tempo já deixou um rastro de destruição maior que outras secas registradas no Estado. A meteorologia conta oito meses sem chuvas e lista as regiões mais afetadas: Cariri, Curimataú e Agreste, onde praticamente não houve produção agrícola e mais de 50% do rebanho já foi dizimado. Segundo o meteorologista Alexandre Magno Teodósio de Medeiros, esta não é a maior seca dos últimos anos, mas a que tem causado mais estragos.

Ele explica que a última maior estiagem foi no final da década de 1990, considerando o índice pluviométrico e o volume dos reservatórios. “A seca de 1998, provocada pela mais intensa atuação do El Niño neste século, teve 30% menos registros de chuvas do que este ano. Naquele período, não choveu em pelo menos 70% das cidades paraibanas e o açude do Boqueirão ficou com apenas 14% de sua capacidade hídrica, causando um racionamento geral de água”, explicou.

De acordo com o meteorologista, os impactos da estiagem deste ano, dão a sensação de que ela é maior: “O tamanho do rebanho bovino hoje é maior, a extensão de áreas plantadas também cresceu. Os prejuízos são maiores”.


Daniel Motta - Correio da Paraíba